Fucei nas caixas de cima do guarda-roupa.
"Descobri" muita coisa que nem lembrava que tinha.
Tinha anotação, antes importante, agora totalmente irrelevante. Tinha informação, que antes era rara de se achar, agora nada que o Google não traga em segundos.
Vi papéis de descarte imediato, outros de organização imediata (se lugar não é aí, tenho lugar pra você), mas muitos, muitos que exigiriam uma análise mais calma, uma segunda opinião, o que, obviamente, não teria no momento, se é que em algum momento eu terei.
Achei também aquele conjunto importantíssimo de "isso é muito legal quando eu precisar" que você nunca lembra que tem quando precisa.
Há um outro tanto de lembrancinhas que sobrevivem apenas pra trazer lembranças, até que meu desapego fale mais alto.
Dicas de exercícios que nunca fiz, objetos do "pequeno museu do meu tempo" que um dia irão impressionar meus filhos (ou não), textos a espera de serem escaneados/digitados.
Mas, acima de tudo, me encontrei com meu passado, com seus prós e contras, resfrescando algumas memórias nessa cachola, que às vezes parece não conseguir guardar quase nada.
Percebi que parei de pensar em "ah, se eu tivesse..." quando olho pro meu passado, pois prefiro acreditar que tudo, de um jeito ou de outro, me levou até onde estou aqui e, pesando na balança, estou muito bem, obrigado.
Claro, encontrei papéis amarelos, ácaros e poeira. Só não achei o que pensei que acharia, quando comecei a fuçar nas caixa de cima do guarda-roupa.
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