domingo, 21 de outubro de 2007

Quase no sítio ao lado do centro

O tema do Profissão Repórter Especial de quinta-feira (18/10), foi a vida de pessoas que passam muitas horas longe de casa para poder sustentar a família. Citou o caso de um trabalhador que sai de casa às três da manhã e só retorna dezoito horas depois.

Sempre enfatizei este ponto quando comparei meu emprego a empregos em São Paulo, por exemplo. São inúmeras as pessoas que gastam muito tempo só para ir e voltar do trabalho, sem contar o stress com o trânsito e a poluição.

Olhado por este aspecto, sou uma pessoa de sorte.

Se quiser, posso acordar uma hora antes de entrar no trabalho. O faço ao som de vários passarinhos em volta da minha casa. Com freqüência, ao sair para comprar pão, vejo um casal de maritacas no poste de casa.

Antes de chegar ao mercadinho ainda cruzo com os bem-te-vis, que fazem ninho num transformador de energia e, com muita sorte, vejo tucanos cruzando o céu. Quando em grupo, lembram-me aviões da esquadrilha da fumaça, com aqueles bicos enormes!

Tomo café e saio de casa quinze minutos antes do horário de entrada. Nunca peguei congestionamento (só de vaca, uma vez ou outra). E vou de bicicleta, respirando ar puro, fazendo exercício e deixando de poluir o ambiente. Detalhe: trabalho no centro da cidade.

Apesar do salário ridículo que recebo em meu emprego atual e de ter de pagar aluguel da casa aonde moro, creio que minha condição de vida atual faz inveja a muita gente.

Entretanto, tenho ciência que esse conjunto de fatores vai mudar, todo ou em partes: quero ter uma casa própria e muito provavelmente sairei do bairro. Também mudarei de emprego (em breve, espero) e levarei mais tempo de casa ao serviço.

Felizmente não precisarei ir para uma cidade grande.

A longo prazo fico imaginando que, quando investirem na ampliação deste bairro e construirem na maioria dos terrenos ocupados atualmente por mata nativa, as maritacas e outros pássaros terão de procurar outro lugar pra viver (isso se não morrerem). É a civilização (?). Prefiro não pensar muito nisso....

Fato é que não se pode pensar apenas em ganho material. Qualidade de vida é importante e, neste quesito, cidades do interior como Avaré ainda são boas opções, se comparadas com os grandes centros urbanos.

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